Isabel Bogajo, seu Banco Itaú e a Mensagem de Fim de Ano

É possível às empresas trilhar dois caminhos simultâneos – financeiro e social – em busca do objetivo de toda e qualquer instituição: o lucro. E fazê-lo sem abrir mão de estratégias negociais necessárias e postura humana imprescindível

Por Serg Smigg
Imagem: Divulgação

Imagem: Divulgação

Sou palestrante corporativo há muitos anos. Os temas são os mais diversos, mas versam especialmente sobre relacionamento com clientes internos e externos. Nossa equipe – quatro oradores – teve oportunidade de analisar situações ou inacreditáveis ou surpreendentes ou emocionantes, às vezes tudo ao mesmo tempo. Todas fontes de experiências e de visão ou de revisão de conceitos.

(Não se trata das chamadas “palestras motivacionais”, ideia que abandonamos há mais de dez anos porquanto sempre ineficazes e muitas vezes negativas no processo que mais deveriam auxiliar, a produtividade pessoal. O melhor e mais adequado qualitativo que encontraram para identificar nossos encontros é “palestras inspiracionais“.)

Dentre os clientes internos de uma empresa, tenho sempre a precisão de destacar o mais importante: a própria empresa em si. Relacionar-se com ele, esse cliente, depende de vivência e visão que vão além das rotinas setoriais, dos conceitos pessoais e das instruções de manuais de RH. É o cliente interno que mais requer atenção do colaborador. Dizemos em nossos encontros que “caso você tenha consciência de seu papel na corporação, trabalhe pela evolução dela durante todo o expediente (afinal, seu contrato trabalhista com ela é, em verdade, um contrato de venda de parte de seu tempo) e auxilie no fortalecimento da imagem, visão e missão corporativas e empresa realmente cresça, é fato que haverá uma chance de você evoluir também. Caso a empresa não cresça, você não terá chance alguma. Portanto, é sempre mais inteligente e prudente transformar a empresa em sua segunda casa”.

Sempre que possível, acompanho postagens de pessoas que estão em meus contatos. Pelo menos das que valem a pena. Isabel Bogajo é jornalista/assessora de conteúdo incomum e a mancheias nesse universo de frases vazias. Li algumas postagens nas quais fala sobre seu relacionamento com a empresa Banco Itaú. Trabalhou na corporação por anos e hoje mantém firma própria pela qual continua prestando serviços a ela.

Imagem: site "Cola da Web

Imagem: site “Cola da Web

A maneira como Isabel se reporta àquela instituição faz lembrar grandes filmes de Hollywood em que um “empregado” se devota tanto a uma empresa que esquece até a própria vida – certamente não chegou a tanto, mas esteve perto. Sem a mesquinharia da bajulação e adulação desonesta, mostra seus elos com o Itaú criados a partir de cristalização de coleguismo claro que avança para amizade pura. Menciona colegas de seu setor e de outros com a naturalidade de quem sabe que não poderia fazer sozinha nada do que fez. É clara na constância de sua paixão pelo que faz. E o que faz parece ter se holografado na estrutura do banco.

Toda empresa visa lucra. Isso é tão óbvio quanto o Sol fornece luz e calor. Mas a ligação que mantém com a sociedade em que atua é mais que mercantil – tenha a empresa percebido isso ou não. Emprega seres humanos, cria sonhos e anseios, ajuda no desenvolvimento geossocial. Ocasionalmente, pode se transformar em catalisador de iniciativas do Terceiro Setor.

Sempre que lia as menções de Isabel sobre o Banco Itaú, ficava me perguntando que situações construíram dentro dela a noção de grande empresa. Não que seja isso perturbante; pelo contrário: é estimulante. Pesquisei sobre iniciativas do Banco e seu caráter de catalisador de iniciativas e constatei o fundamento desse forte elo entre ela e ele.

Mas foi a mensagem de Fim de Ano do Itaú que abraçou de vez sua imagem de empresa especial. É fantástica! Cada frase significa muito mais do que realmente quer dizer. A ideia como um todo é, em si, alerta para o universo virtual estigmatizado. E na voz de Fernanda Montenegro… bem… aí já é quase feitiço.

  • “É lindo ver o mundo se tornar digital.”
    • E é mesmo. E irreversível. Conhecer o pensamento de um africano ou de um asiático quase ao mesmo tempo em que pensam é mágico!
  • “Mas todos nós precisamos vigiar pra que ele nunca deixe de ser humano e pessoal.”
    • Eis o fundo filosófico de todo o texto. Este Planeta tem mais de sete bilhões de universos que o compõem
  • “Afinal, fomos nós que criamos a tecnologia para servir a raça humana.”
    • É essa a intenção de todas as invenções humanas: servidão às necessidades humanas. Eletricidade, automóvel, televisão, telefone etc. Mas então chegam os “não seres humanos” e criam a cadeira elétrica, o racha, o João Kléber, o trote em Corpo de Bombeiro etc.
  • “A internet que nós criamos veio para melhorar e mudar muitas coisas, mas tem coisas que ela não pode e não deve mudar.”
    • O ser humano é animal social. Depende de experiências externas a si mesmo para se sentir vivo.
  • * “Amigos não podem ser feitos só pela internet,”
    • Muitas pessoas precisam tatuar esta frase na testa.
  • “nem amizades, nem laços de família mantidos por e-mails e mensagens curtas.”
    • Estas, no coração.
  • “Não é o GPS que vai guiar a sua vida.”
    • Pode guiar caminhos, nunca a vida.
  • “Nem é papel do Waze ensinar seu filho qual é o melhor caminho a tomar na hora da tormenta.”
    • Mesmo porque, a tormenta interior é transitável apenas por si mesmo.
  • “Afinal, não é o wi-fi que mantém a nossa conexão com aquelas coisas inexplicáveis e divinas que só a raça humana tem a senha.”
    • O texto inteiro poderia ser apenas essa frase.
  • “Por isso, lembre-se: é fim de ano.
    Feche os olhos, olhe para dentro e faça um download só de coisas boas.
    Que aí você vai ver que, de todos os aplicativos que nós fomos capazes de criar, nenhum é melhor que o aplicativo que você tem dentro de você chamado coração.”

    • É pena que apenas os sensíveis vão entender essa ideia. Políticos corruptos, empresários inconscientes, líderes religiosos inescrupulosos, líderes sociais egoístas, vereadores cegos, prefeitos de próprio-umbigo etc. não são dotados de inteligência emocional para assimilar o teor dessa frase.

Certo… está bem… Nizan Guanaes foi pago para redigir esse texto; trabalha há 35 anos para o Itaú e sua prancheta pode refletir matizes mais financeiras que humanas. Contudo, o Banco precisou aprovar suas palavras, diretores de marketing analisaram a aura da instituição associada a essas palavras. Não há hipocrisia financeira que se permitiria correr riscos de arranhar a imagem de qualquer empresa se não houvesse embasamento na postura empresarial.

É por isso que o Banco Itaú tem meus agradecimentos pessoais por nos permitir momentos de tão sublime reflexão. E é por isso que Isabel Bogajo Duarte tem minha admiração por traduzir como colaboradora anos e anos de palestras minhas sobre relacionamento corporativo.

1 thoughts on “Isabel Bogajo, seu Banco Itaú e a Mensagem de Fim de Ano

  1. Anselmo Cunha Vieira

    A Isabel é uma daquelas pessoas raras, com uma inteligencia vanguardista.
    Com este texto primoroso, só posso tecer elogios aos amigos Isabel e Serg.
    Vocês são brilhantes

Os comentários estão fechados.