Expressividade: construção da mensagem

Antes, uma recado: depois de ler este artigo, teste seus conhecimentos em expressividade clicando no ícone “Teste FEB” ao fim.


O ato de comunicar-se bem nunca foi tão necessário quanto nos dias atuais. Não somente por conta da crise de Saúde mundial, mas porque há muitos instrumentos de comunicação fácil oferecidos pelos avanços da tecnologia. Com isso, as pessoas passaram a emitir opinião, expor visão e construir conceitos sobre praticamente todos os temas possíveis. E impossíveis também.

O problema é que comunicar-se não é tão simples, como a gente já teve chance de alertar em diversos textos aqui. Quando você emite uma mensagem verbalmente, dispõe de elementos auxiliares – gestos, expressão facial e corporal, olhares etc. – para que ela chegue ao emissor com o menor ruído possível, posto que é praticamente impossível não haver algum. Quando escreve, eles são inúteis.

Crédito: Qualis Editora

Não se fala aqui especificamente de erros gramaticais – concordância verbal, pontuação, conjunções indevidas etc. – ou ortográficos – letras trocadas, acentuação etc. Fala-se aqui de detalhes na construção de um texto relacionados à expressividade, à coesão, à lógica nas entrelinhas.


O que é o “bem comunicar”

Estudiosos de comunicação menos ortodoxos dizem que basta que a mensagem seja assimilada para que a comunicação se mostre completa. O problema desse conceito é saber quando a mensagem foi bem assimilada ou, no mínimo, assimilada.

Exemplo da complexidade desse tipo de conceito:

– Pedro e João foram ao cinema.

O objetivo dessa oração é informar que dois cidadãos se deslocaram até um ambiente em que se apresentam filmes.

Entretanto, a oração está “solta no espaço”, o que cria uma série de possibilidades de interpretação.

Comunicar-se bem
Comunicar-se bem faz bem a que emite e a quem recebe

Nesse caso, a mensagem foi assimilada, mas a comunicação não está completa. É preciso construir um contexto em torno dela – da mensagem. Ou seja, completar a ideia com situações informativas.

Isso é construir uma mensagem.

Contextos em torno de uma ideia

Um dos mais graves problemas na criação de um texto é inclusão de várias ideias (mensagens) no mesmo parágrafo. Isso torna a leitura travada, pois faz o leitor avaliar e reavaliar o que lê para compreender a mensagem em si. Via de regra, tal problema nem é falta de traquejo do redator. O próprio mecanismo cerebral provoca acúmulo de ideias durante o ato de redigir.

Crédito: Assinatura

Diz-se, então, que o próprio cérebro busca meios para contextualizar a mensagem. Nesse caso, convém ter certos cuidados no momento de fundamentar a ideia central de um trecho ou mesmo de todo o texto.

Assim, ao expressar uma ideia em um trecho, conduza a contextualização de maneira racional. Passe informações que realmente digam respeito a tal ideia.

Informe o tempo do fato, além de ambiente, motivos, consequências etc., levando sempre em conta a questão de lógica, de coesão textual.

Veja abaixo exemplo de contextualização para a frase destacada acima.

Pedro e João foram ao cinema ontem. Assim, não poderiam participar da reunião de condomínio. Haviam já comunicado suas ausências porque, sendo irmãos críticos de arte cinematográfica, tratou-se de trabalho de ambos


Contexto lógico e coeso

Acima, destacou-se claramente que essa contextualização precisa ter sentido lógico. Passar informações vazias sempre se mostrou a pior estratégia para impressionar o leitor.

Evidentemente, quanto mais informações a mensagem detiver, mais amplo é o contexto.

Contudo, é preciso que tais informações se refiram ao objetivo central da comunicação.

Contextualização
Ao comunicar-se, explique-se

Nesse caso, o contexto aplicado no exemplo acima certamente compõe um contexto maior, que situa a ideia central por meio de conjunto lógico de características e detalhes. O tempo e o motivo para a ausência de Pedro e João na reunião estão definidos coerentemente.


As redes sociais estão cheias de conflitos. A maioria deles nasce de problemas de exposição de ideias e conceitos, os chamados ruídos de comunicação mencionados acima.

Boa parte desses ruídos, por sua vez, é motivada pelos detalhes que a gente destacou neste artigo.


Nesse caso, argumentar que comunicar-se bem se mostra questão de melhoria em relacionamento social não seria exagero.

Então, quando participar de debate em redes sociais, procure construir sua mensagem com embasamento contextual.

Ou seja, com detalhes que ofereçam ao texto o mínimo de compreensibilidade.

Esqueça aqueles apressadinhos que não gostam de textão. Estes precisam antes de educação social. Educação acadêmica vem depois.

Clique aqui ou na imagem acima para obter mais detalhes sobre o curso

FEB Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade.

(Saiba, por exemplo, porque usamos “mais detalhes” e não “maiores detalhes”.)

Mesmo já não é o mesmo

Alguns vocábulos ou modelo de construção frásica surgem ocasionalmente e acabam se tornando febre no meio editorial e nas redes sociais especialmente. Quase sempre, esse fato é produto de modismos que, por sua vez, nem sempre reproduzem regras gramaticais e de expressividade consideradas ideais. É o caso da palavra mesmo.

.

Outros se tornaram indicação de falta de capacidade redacional. Há alguns anos, o conceito de gerundismo foi amplamente discutido. E combatido. Fruto de estratégias de telemarketing americano, infiltrou-se na Língua Portuguesa e causou conflitos com as normas de nossa língua

Outro caso, um pouco mais antigo, deu-se com a palavra nível. Construção como a nível de ou pelo nível de tornaram-se entrave para coesão e expressividade adequada. Eram usadas por redatores jovens, na maioria dos casos, como maneira de se sentir adentrados em algum grupo, em algum clã.

Modismos: reengenharia para tudo

Houve ainda vez para reengenharia, via de regra, companhado por algum termo complementar. A prática tornava textos e reuniões cansativos, sem atrativos, com precisamos de reengenharia de gestão ou nosso relacionamento deve passar por reengenharia ou ainda como conseguir uma vaga de emprego sem boa reengenharia?

Afinal, mesmo é mesmo errado?

Não, certamente, mas isso depende do uso que se dá ao termo, o que ocorre com todas as palavras. Deve-se ter em mente que mesmo assume diversas funções gramaticais, mas jamais a de pronome pessoal.

O exemplo mais evidente, mais clássico de uso indevido desse termo é observado diariamente por quem acessa prédios que disponham de elevadores. Certa norma de segurança promulgada por alguma prefeitura (dizem ter sido a de S. Paulo) obrigava que o anúncio abaixo fosse instalado às portas dos elevadores:

Equívoco no uso de "mesmo"

Equívoco no uso de “mesmo”

Ocorre que, guardada a intenção de se promover segurança para usuários, a frase contém erro crasso de gramática. O problema é que a maioria das prefeituras e câmaras municipais aderiu à ideia por julgá-la excelente forma de melhoria de imagem política.

E o erro se alastrou por todo o país.

Então, qual é o uso correto?

Não é “um uso correto”, mas vários. Exceto como pronome pessoal.

Bem, pronome pessoal são os termos que substituem outro já mencionados como agentes atuantes ou passivos de verbos. Sua função prática é evitar repetição de palavras na mesma frase ou parágrafo. Veja:

– Maria está lendo este artigo. Maria recebeu sugestão de amiga. Maria o tem lido com atenção.

Note que a leitura da oração acima se mostra bem estranha, não agradável. A repetição do nome Maria causa tal estranheza. E isso em uma oração com poucas palavras; imagina-se em um texto longo. Nesse cenário, a construção ideal é a seguinte:

Maria está lendo este artigo. Ela recebeu sugestão de amiga e o tem lido com atenção.

Note que ela é pronome pessoal do caso reto (ou seja, tem função de sujeito, de agente do verbo). Somente essa classe de pronomes assume essa condição.

Eis, então, o erro encontrado no uso de mesmo/mesma.

Veja:

– Maria está lendo este artigo. A mesma recebeu sugestão de amiga e o tem lido com atenção.

Perceba que “mesma” é agente do verbo “recebeu”, o que transforma o termo em agente. Ou seja, uso indevido.

Usos corretos de mesmo/mesma

Como se viu acima, há situações diversas em que se aplica uso correto desse termo.

Pronome Demonstrativo

Mesmo pode referir-se a espaço, tempo, agente ou até a trecho de um texto, retomando-os no contexto para reforçar ideias. Há diversos termos que funcionam como tal:

  • o, a, os, as, se equivalerem a isto, isso, aquele, aquela e aquelas
  • próprio; tal
  • este, esta, esses, essas, aquele(s) e aquela(s)

Exemplo de mesmo como pronome demonstrativo é:

– Maria está lendo esse artigo; vou fazer o mesmo.

Adjetivo

Muitos teóricos preferem classificar mesmo/mesma como adjetivo essencialmente.

– Estamos acessando este mesmo site até agora.

Advérbio

Há função de reforço para advérbios.

Estaremos neste site mesmo até amanhã.

Conectivos diversos

  • Reflexividade: Maria olhou a si mesma.
  • Conjunção subordinada: Ela permaneceu lendo este artigo mesmo cansada.
  • Expressões idiomáticas: Isso vai dar no mesmo.

Sobre:

Gerundismo, veja este artigo

Transforme a crise atual de Saúde Pública em tempos de aprendizagem.

Clique aqui e conheça o curso FEB Fale e Escreva bem – Redação e Expressividade

Curso FEB Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade

Quem Avalia o Avaliador?

Um dos procedimentos mais complicados de uma corporação é a avaliação que se faz de um colaborador. E, normalmente, os avaliadores não têm a mínima noção dessa complicabilidade porque se baseiam em ferramentas conceituais. Dizer-se simplesmente tal pessoa não serve não é, evidentemente, algo tão simples que se possa fazer a partir de percepção pessoal, mas esse fator interfere muito mais do que se imagina


 

Em filosofia, discute-se muito o conceito da casinha amarela ao qual o de avaliação está intimamente ligado, se se aprofundar na análise. A questão de juízo de valor entra como instrumento desse aprofundamento. Quando alguém nos diz “estive ontem em uma bela casinha amarela”, nossos sensores internos imediatamente nos remetem à imagem daquilo que nós próprios imaginamos ser uma casinha amarela. E imaginar é um longo e sinuoso caminho rumo a desconhecidos pessoais.

Hipótese: João e Pedro têm trinta anos e são gêmeos. A maioria das situações na vida dos dois foi vivida por ambos ao mesmo tempo: senso familiar, início de escola, construção do sentido de sociedade, percepção dos sentimentos humanos etc.

Aos dez, ambos visitaram a casa da avó, em cujo bairro havia uma casinha amarela. Diante da casinha, João presenciou sozinho ferrenha briga de cachorros. Ao longo de sua vida, João presenciou muitas brigas de cachorros, mas aquela o marcou pela ferocidade dos semblantes dos animais. No dia seguinte, Pedro, sozinho, passa diante da mesma casinha amarela, na calçada da qual um pardal com sua graciosidade apanha migalhas de alimento no chão e as leva para seu ninho, em árvore próxima, para alimentar seus filhotes. Pedro fica enternecido com a cena.

João e Pedro trabalham na mesma empresa. São gerentes gestores de equipe de venda – cada um gerencia a sua – e precisam avaliar novos candidatos a várias vagas abertas. O pessoal do RH promoveu algumas dinâmicas para os candidatos, dentre as quais havia o desenho de uma casinha que deveria ser pintado. O pessoal do RH leva a João e a Pedro o resultado das dinâmicas.

Passaram-se vinte anos desde as circunstâncias vividas por ambos diante da casinha amarela. Mas João, sem mesmo saber porquê, rejeita todos os candidatos que tiveram a falta de sorte de pintar de cor amarela a casinha do desenho; Pedro, por outro lado, selecionou todos os candidatos que tiveram a sorte de pintar de cor amarela a casinha no desenho. Os motivos oferecidos por ambos por suas escolhas tinham fundamento aparentemente científico, mas estavam determinadamente ligados à questão percepcional.

Sem entrar no mérito de ter sido a seleção bem feita ou não ou se os resultados com a nova equipe foram ou não alcançados, é estranho no mundo de hoje – cheio de mecanismos de comunicação que impossibilitam real intercâmcio de conhecimentos entre seres humanos – imaginar-se que ser bem avaliado não depende de competência, mas de sorte ao pintar uma casinha. Talvez fosse plausível há muitos anos, quando os instrumentos de reconhecimento de talentos eram bastante arcaicos: o pistolão.

Alguém permitiu que João e Pedro tivessem a responsabilidade de decidir se alguém é bom ou ruim para a empresa em que trabalha. Alguém, anteriormente, permitiu que esse alguém permitisse. A situação é complexa, reconhecemos. Mas há valores importantes envolvidos. Valores que salário algum seria o bastante para suplantar.

Aí encontra-se um grande problema. Para que o resultado da avaliação seja o menos imperfeito possível – pois que, neste caso, não existem resultados perfeitos -, é necessário que o avaliado tenha plena ciência do que se espera dele. Ou seja, é preciso que todas as regras sejam postas à mesa. No caso da casinha amarela, os candidatos estavam às cegas, como um jogador de tênis que se depara com grande campo de futebol no momento de fazer o teste e, então, joga tênis, não futebol. Pintar casinhas, desenhar árvores, responder a questões padronizadas me parece representar muito bem a situação dos calouros de TV que se apresentam para um júri inapto, posto que aqueles dependem do nível de necessidade de agradar públicos que cada jurado mantém.

Quando se avalia o desempenho de um colaborador, ainda que o objetivo seja prático e não inferido, é necessário levar em consideração uma infinidade de conceitos, especialmente a ótica momentânea do avaliador. Estatisticamente, o avaliador não se dá ao trabalho de observar os resultados, ou a falta de resultados, pela visão do avaliado. Respeito ao espaço de terceiros pode ser confundido com insegurança; falta de questionamento pode ser confundida com percepção de que o projeto ainda esteja nascendo e, portanto, o avaliador não tem condições de oferecer melhores instruções; não participatividade pode ser confundida com espera de momento adequado etc. E, a mais intrigante das confusões, hipocrisia e dissimulação podem ser confundidas com interesse pela corporação. Etc.

Uma frase  do mundo do futebol atribuída a Neném Prancha infere que “o pênalti é tão importante que devia ser cobrado pelo presidente do clube”. A partir dela, pode-se insinuar que a avaliação de desempenho é tão importante que deveria ser feita pelo presidente da empresa”. 

Enquanto isso, grupelhos dentro de grandes empresas as fazem perder grandes talentos, talvez para se lembrarem depois que – segundo conta a história -, no início da carreira, Pelé foi rejeitado por alguns técnicos de grandes times e Einstein, rechaçado por alguns professores de física e matemática.


Para conhecer melhor seu idioma e descobrir meios de comunicar-se adequadamente, conhecer técnicas de elaboração de textos pessoais, acadêmicos, corporativos ou mesmo artísticos, acesse FEB Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade. É curso completamente virtual e não requer horário específico para estudo. As aulas são atualizadas semanalmente e você ainda dispõe de assessoria constante por todos os instrumentos de contato: facebook, twitter, whatsApp, e-mails, celular, em qualquer instante.

Ao clicar, terá acesso a um formulário. Preencha-se seguro de que as informações serão tratadas com todo o respeito e toda a responsabilidade que nossos novos associados merecem. Não requer números de documentos nem pagamentos nessa fase.

Dica 009 - Coerência Textual

Coerência textual: Ônibus Embriagado?

Coerência textual é aspecto de redação que nem sempre é bem assimilada. Às vezes, todos os conectivos, elementos constitutivos de oração/período e regras gramaticais em geral estão interpostos adequadamente. Ainda assim, a expressividade se mostra inadequada. Continuar a ler

Diferença Entre “Boa Gramatica” e “Expressividade”

Boa Gramática e Expressividade são dois dos elementos de um todo que chamamos Comunicabilidade. Por sua vez, Comunicabilidade é o ato de transmitir uma mensagem, seja verbal ou não verbal. Entretanto, é possível criar um texto sem qualquer erro gramatical e, ao mesmo tempo, cometer erros de expressão. Veja abaixo como isso se dá no dia a dia.

Ambiguidade é um dos piores inimigos da expressividade.

Recentemente, o associado a nosso aplicativo Existo, logo comunico, Marcos Anselmo,  pediu mais explicações sobre expressividade. Depois de assimilar muito bem nossas conversas sobre gramática e expressão, passou a detectar percalços em textos diversos.

Ele nos enviou as imagens (veja ao fim desta apresentação) e questionou a capacidade de expressão do redator.

Nós já tivemos oportunidade de falar algo a respeito do assunto neste link. Nele, apresentamos uma reportagem sobre tragédia que ocorreu na Itália, mais precisamente na llha Ischia, que foi abatida por forte terremoto. Convidamos nossos amigos, associados e visitantes em geral a responder a uma perguntinha interessante (leia a reportagem no link e retorne a este texto):

Expressividade e boa gramática devem andar sempre juntas.

Expressividade e boa gramática devem andar sempre juntas.

Qual seria o equívoco que está impedindo que o texto transmita a ideia real do contexto da situação?

Pois bem. O problema de expressividade encontrado no trecho da reportagem está no uso do termo conseguiu. Diz-se que a mãe das crianças conseguiu escapar por uma janela, mas pai e crianças não conseguiram.

“Conseguir” é verbo que carrega a ideia tentar algo, buscar algo, esforçar-se por obter algo. No caso, “escapar dos escombros”. Não há erros gramaticais no trecho; entretanto, transmite falsa ideia de que a mãe tentou escapar pura e simplesmente sem se importar com os filhos e com o marido, que se preocupou com a própria vida apenas.

Com toda certeza, não foi essa a mensagem que o redator quis oferecer à reportagem.

Equívocos desse tipo e outros vistos logo abaixo constituem entraves para boa compreensão das mensagens.

Dubiedade

Ambiguidade é um dos piores inimigos da expressividade.

Ambiguidade é um dos piores inimigos da expressividade.

Também conhecida por ambiguidade. Dá-se quando a mensagem não é transmitida com clareza, o que possibilita mais de uma interpretação. Aliás, esse é um dos grandes problemas das postagens em redes sociais.

Observe o seguinte trecho extraído de certo livro popular:

Cristina, solícita e tranquila, optou por auxiliar Paulo em sua casa. Durante a conversa, procurou fazê-lo entender que os amigos insatisfeitos reclamaram da situação. Ao fim, Cristina mostrou que estava infeliz, pois tinha visto os amigos correndo a ermo na multidão. Precisavam resolver aquele problema porque se casariam no mês seguinte e queriam os amigos na festa.

Note bem que não há erros de gramática nem de ortografia no trecho. Entretanto, a maioria dos leitores interpretaria que a casa é de Paulo, que os amigos estão insatisfeitos com Paulo, que Cristina está infeliz, que Cristina viu os amigos e que os amigos corriam na multidão, que ambos se casariam.

Entretanto, e se o autor estiver querendo dizer que a casa é de Cristina e não de Paulo? Que os amigos são insatisfeitos e não estão insatisfeitos? Que Paulo está infeliz e não Cristina? Que Paulo, e não Cristina, tinha visto os amigos? Que Paulo corria na multidão e não os amigos? Que cada um deles se casaria com seus respectivos parceiros e não entre si?.

Agora, vamos destrinchar o trecho para entender melhor:

  • Cristina, solícita e tranquila, optou por auxiliar Paulo em sua casa na casa dela.

–> Uso inadequado do pronome possessivo causou ambiguidade de interpretação. Se a casa for de Cristina, o ideal seria “em sua própria casa”.

  • Durante a conversa, procurou fazê-lo entender que os amigos insatisfeitos , sempre insatisfeitos com tudoreclamaram da situação.

–> Colocação inadequada do termo insatisfeitos criou dubiedade.

  • Ao fim, Cristina mostrou que esta estava que Paulo estava infeliz,

–> Um conflito entre conjunção integrante e pronome relativo pode causar interpretação incorreta.

  • pois tinha visto ele tinha visto os amigos

–> Omissão de termos explanadores também causam má compreensão.

  • tinha visto os amigos correndo na multidão enquanto corria na multidão.

–> Gerúndio não tem número; pode tanto se referir a sujeitos no singular quanto no plural. Neste caso, uso do verbo no singular esclarece que quem corria era Paulo.

  • Precisavam resolver aquele problema porque se casariam no mês seguinte e seus parceiros queriam os amigos na festa.

–> Omissão de termos explanadores também causam má compreensão

Expressividade nas Redes Sociais

Redes sociais são um campo aberto para equívoco de linguagem. Por ser visto inconscientemente como extensão da fala, as pessoas não se preocupam muito com a forma de redigir suas postagens

Esse fenômeno acaba criando uma série de problemas, inclusive causando dissabores terríveis entre amigos.

Nosso associado Marcos Anselmo deparou-se com “importante matéria” com o tema Fatos Desconhecidos sobre a Vagina. Enviou-nos as imagens e os textos abaixo:

Ambiguidade é um dos piores inimigos da expressividade.

Como você vê, não há erros gramaticais e compreende-se certamente o teor da mensagem. Porém, tem-se impressão de que a “vagina não pode ficar muito tempo sentada“.

Esse tipo de construção de frase retira o sentido de importância do texto, tornando-o inócuo, sem força informativa.

Qual seria então a construção ideal?

  • A mulher que permanece muito tempo sentada oferece riscos à vagina.

Veja outro exemplo na mesma “importante matéria”:

Você compreendeu a mensagem. Porém, a construção está estanha porque dá impressão de que a vagina se autolubrifica ao entrar em contato com certa substância dos tubarões. Esquisito, não?

Construção ideal?

  • A vagina se autolubrifica por meio de uma substância que também é encontrada nos tubarões.

Nota importante: há ainda um erro de grafia. o prefixo “auto” recebe hifen somente se a palavra seguinte iniciar por “o”.

Conclusão: Comunicar-se é fácil; comunicar-se carece de prática e estudo.

Nós sugerimos que você acesse a página do aplicativo Exito, logo, comunico e esteja sempre ligado em nossas dicas na página Textos Revisados. Estamos sempre à disposição tirar dúvidas e responder a suas questões.

Até breve!

Teste: O que há de errado na Frase?

“O pai das crianças disse à televisão RAI que os meninos estavam no quarto e [sic] mãe estava em outro cômodo no momento do tremor. Ela conseguiu escapar por uma janela, mas ele e as crianças ficaram soterrados. Após o pai ser retirado dos escombros, os socorristas conseguiram tirar o bebê, que parecia passar consciente. Os outros dois irmãos mais velhos foram retirados um pouco depois.”

Dicas de Expressividade

 

Nesta segunda-feira, 21/08/17, a ilha Ischia na Itália foi abatida por forte terremoto. Dezenas de pessoas saíram feridas e infelizmente houve duas mortes. No dia seguinte, bombeiros retiraram quatro crianças dos escombros.

Saudamos a ação dos profissionais do resgate e felicitamos a família, desejando que todos se recuperem o mais brevemente possível.

O trecho acima destacado consta de reportagem do G1 de 22/08/17. Tecnicamente, o redator conseguiu transmitir a mensagem direta adequadamente. Leitores com o mínimo poder de interpretação compreendem sem grandes problemas. Entretanto, o caráter de expressividade do trecho contém um dos grandes problemas da comunicação atual.

Você conseguiria identificar o empecilho para correta interpretação do trecho ou, no mínimo, interpretação mais realista?

Nota: o empecilho não está no uso do termo “[sic]“, que é advérbio latino inserido em citações ou trechos de terceiros quando estes contêm equívocos de grafia, gramática ou expressão. Significa…

  • “desse modo”
  • “assim mesmo”
  • “exatamente assim”.

Ou seja, acima, transcrevemos o trecho literalmente da fonte mesmo com ausência do artigo definido “a” antes da palavra “mãe”.

E então? Qual seria o equívoco que está impedindo que o texto transmita a ideia real do contexto da situação?

Deixe sua participação abaixo. Esteja seguro de que nenhum dado será usado para fins que não sejam os de simples participação.

Obrigado pela participação!

Tempos Verbais: Presente Histórico

Presente é Passado. Ou futuro. Ou Não

Bem… antes de falarmos sobre o tema de hoje, vamos lembrar que:

  • Modo Indicativo dos verbos trata de ações e acontecimentos reais já ocorridos ou que podem ocorrer independentemente de intercorrências
  • Já o Modo Subjuntivo refere-se a acontecimentos que dependem de outros para ocorrer, dependem  de alguma espécie de condição
  • Por sua vez, o Modo Imperativo determina uma ação, ordena uma ação ou ainda faz apelo por alguma ação.

Vamos tratar dos modos verbais em postagem futura. O tempo Presente do Indicativo  é o mais usado na Língua Portuguesa, especialmente no Brasil. A fala informal o aplica até mesmo quando quase não é possível aplicá-lo, o que é muito interessante e que denota o sentido de criatividade do brasileiro quanto à fala.

Veja:

  • Faz um 21!
  • Vem pra Caixa você também.

São casos conhecidíssimos na publicidade brasileira em que o Presente é usado no lugar do Imperativo. Ocorre que, em publicidade, diz-se que o melhor é usar a linguagem coloquial a fim de aproximar o público da marca.

A meu ver, essa postura apenas incentiva equívocos gramaticais que, se seguidos em provas de Enem ou de vestibulares, com certeza tirariam alguns pontos importantes da nota final. Por outro lado, reconheço que as formas Faça um 21!” “Venha para a Caixa você também” me parecem realmente um tanto pedantes para uma peça publicitária.

O prof. Daniel Vícola classifica o tempo Presente sob a seguinte visão:

Presente Momentâneo

“Não percamos de vista o ardente Sílvio que lá vai, que desce e sobeescorrega e salta.” – M. Assis.

Fato atual, que se dá no momento em que se fala; o narrador, aqui, está presenciando as ações do personagem.

Presente durativo

A Igreja condena a pílula anticoncepcional e a Ciência a aprova.

Ações ou estados considerados permanentes.

Presente Habitual ou Frequentativo

Aqueles jovens estudam na mesma escola.

A forma verbal no presente indica um hábito, uma coisa que acontece sempre.

Mas há casos em que o uso correto do presente do indicativo parece indevido, parece incorreto. São os casos do Presente Histórico e do Presente Futuro:

Presente Narrativo (ou Histórico)

Tempos Verbais: Presente Histórico

Tempos Verbais: Presente Histórico

Trata-se de uso de verbos no Tempo Presente em narração de fatos históricos ou hipotéticos (contos, crônicas etc.) acontecidos em passador remoto.

É estratégia para dar vivacidade ao texto ou ainda para intensificar a força do fato na memória do leitor. Este se sente mais integrado, mais adentrado ao fato, o que torna o texto mais atraente e convidativo.

Veja:

  • Em 1500, Cabral chega às terras brasileiras
  • Em novembro de 80, morre um dos maiores compositores brasileiros, Cartola

Presente Futuro

É tempo verbal no Presente especial, usado para dar ênfase a uma ação, para destacá-la de outra ou ainda simplesmente para deixar o texto diferenciado, um tanto formal. Os exemplos abaixo dados pelo prof. Vícola são interessantes:

  • Vou arrumar as malas e, amanhã, embarco para a Europa.
  • Vou à Roma, depois sigo para Londres.

Tempos Verbais: Presente Histórico

Tempos Verbais: Presente Histórico

 

O uso do Presente Futuro requer uso concomitante de algum elemento que indique futuro, que pode ser um advérbio, como é o caso dos exemplos acima (“amanhã” e “depois”).

 

 

Muito bem! Use corretamente o presente histórico. Seu texto fica (ou ficará) mais agradável e oferece (ou oferecerá) mais credibilidade ao leitor.

Nossa próxima dica trata (ou tratará) de posição do pronomes perante os verbos. Sabia que há regras para posicioná-los antes, depois e até mesmo no meio dos verbos?!

Pois então!

Boa leitura e boa escrita!


Clique e obtenha mais informações sobre o curso.Conheça o FEB – Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade. Clique e obtenha informações sem compromisso.

 

 

Boa leitura e boa Escrita!


Nota: por favor, participe da enquete abaixo e nos ajude a melhorar nossas dicas. Obrigado.

Cada Qual em Seu Quadrado – Ponha o Pronome no Lugar Certo

É bem possível que já tenha ouvido argumentos do tipo “não é preciso falar e escrever corretamente; basta que a mensagem seja compreendida”. Essa ideia é aceitável até certo ponto, o ponto do respeito à capacidade de inteligência, à cultura e aos direitos individuais que todos temos de nos expressarmos à revelia de terceiros.

Falar e escrever bem é importante.

Falar e escrever bem é importante.

Há um pensamento recorrente no mundo da comunicação que diz “sou responsável pelo que digo e não pelo que você entende”. Se analisarmos mais profundamente essa assertiva, vamos entender que se trata da maneira mais fácil de dizer “não me comunico bem, não consigo concatenar minhas ideias e expressá-las corretamente”. E, se aprofundarmos ainda mais a análise, vamos notar algo como “sou um completo alienado em relação ao pensamento dos semelhantes”.

Se assim não fosse, não haveria tantas discussões descontroladas, descabidas e perdidas. É comum ouvirmos as frases “você não me entendeu” “fui mal interpretado” em meio a uma discussão virtual ou presencial. Isso representa bem a importância de se falar e se escrever bem. É também elemento de harmonia humana.

 

 

Falar e escrever bem não é simples questão de soberba ou de ostentação. É bem mais que isso. Quando você fala e escreve bem, está:

  • … respeitando seu interlocutor
  • … mostrando cultura, o que incentiva pessoas a obterem também
  • … expressando uma ideia coerentemente para que esta frutifique em ações e posturas
  • … instigando pessoas a se expressarem bem igualmente, de forma que haja menos conflitos sociais

Hoje, vamos estudar um pouco algumas regras oficiais para colocação do pronome em relação ao verbo. Um ex-aluno do curso FEB Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade solicitou-nos explicação um tanto mais detalhada a fim de tirar algumas dúvidas de amigos seus.  Trata-se de…

Colocação Pronominal

Pronomes são termos usados para representar um nome, um adjetivo, evitando assim repetição de palavras na mesma oração. Há vários tipos; o que nos interessa aqui são os pronomes pessoais oblíquos átonos: me, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.

Falar e escrever bem é importante.

Falar e escrever bem são instrumentos de crescimento pessoal e profissional.

Em resumo, esse tipo de pronome substitui uma palavra. Ainda que a linguagem coloquial – aquela usada na fala do dia a dia – não dê muita importância a tais regras, é importante usá-las bem para evitar problemas de má interpretação textual, especialmente na linguagem escrita.

Você pode colocar o pronome antes, depois ou ainda no meio de um verbo. Essas posições são chamadas próclise, ênclise e mesóclise respectivamente. Entretanto, não se pode sair por aí posicionando o pronome a bel-prazer, à revelia de normas, sob risco de você precisar explicar novamente sua ideia.

Próclise

Você pode usar a próclise – em que o verbo está antes do verbo -, segundo as seguintes condições:

  • Quando houver Advérbios ou termos de sentido negativo…

… associados ao verbo e, claro, houver necessidade de pronomes pessoais oblíquos

–> Ninguém se engana: política é importante para uma sociedade.

O termo negativo “ninguém” atrai a próclise.

–> Nós nos encontramos agora.

O advérbio de tempo “agora” atrai a próclise.

 

  • Quando houver pronomes relativos, indefinidos ou demonstrativos…
    …associados ao verbo.

–> As pessoas às quais me refiro se mostraram claramente.

–> Outros se mostraram menos.

–> Isso me causa náuseas.

O pronome relativo “às quais”, o relativo “outros” e o demonstrativo “isso” produzem condição para uso da próclise.

 

  • Quando conjunção subordinada…

acompanhar o verbo.

–> Soube que me falariam a respeito.

 

 

  • Quando a oração for interrogativa.

–> Quando vai se dar o evento?

–> Quem se declara inocente neste mundo?

 

  • Quando a oração for exclamativa.

–> Como se demonstram inocentes!

–> Puxa! Quanto se come nesta casa!

 

  • Quando a oração for optativa, isto é, quando expressa um desejo.

–> Que a vida lhe mostre o caminho.

Ênclise

Você pode usar a ênclise – isto é, colocar o pronome após o verbo – sob as condições seguintes:

  • Quando o verbo estive no modo imperativo afirmativo ou no infinitivo impessoal ou ainda no gerúndio.

–> Calem-se todos.

–> Troquemse todos rapidamente.

–> É importante inscrever-se logo.

–> Sua intenção é evidente fazendose de esperto.

 

  • Quando o verbo der início à oração. Atenção: jamais inicie uma oração ou frase com pronomes oblíquos. É aceitável apenas em transcrição literal de fala.

–> Falei-lhe isso ainda ontem.

 

Mesóclise

Falar e escrever bem é importante.

Trata-se de se instalar o verbo entre determinadas partes do verbo, ou seja, no meio deste. Esse formato de colocação pronominal já caiu em desuso popular; é encontrada quase exclusivamente em peças jurídicas ou textos diplomáticos oficiais.

Só é possível construir a mesóclise com verbos nos tempos futuros e, ainda assim, que não atraiam a próclise.

–> Escrever-lhe-ei sobre o assunto em breve.

–> Falar-lhe-ia se me perguntasse.

Muito bem. Há ainda algumas situações especiais para uso correto da posição do pronome em relação ao verbo. São aquelas em orações constituídas de locução verbal. Mas a gente vai ser isso em outra oportunidade, pois outro um futuro aluno pediu que falássemos sobre Vícios de Linguagem que, ao contrário de Figuras de Linguagem, trata de equívocos de expressão.

A dica 007 será, então, sobre Vícios de Linguagem.

 

Clique e obtenha mais informações sobre o curso.Conheça o FEB – Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade. Clique e obtenha informações sem compromisso.

 

 

Boa leitura e boa Escrita!


Nota: por favor, participe da enquete abaixo e nos ajude a melhorar nossas dicas. Obrigado.

Uso de tempos verbais

Tempos Verbais: Você Saber como Usar?

Há algum tempo*, ocorreu uma verdade guerra entre linguistas e operadores de telemarketing por conta de uso excessivo do gerúndio, tempo verbal que determina uma ação em andamento, ou seja, o sujeito da oração ainda pratica a ação do verbo enquanto o falante comunica o fato. Foi na época em que essa atividade começou a se disseminar pelo mundo corporativo do Brasil, cujas técnicas vieram dos EUA e países da Europa cujo idioma forte é o inglês. Nesse idioma, é comum e constante usar-se esse tipo de estrutura frasal.

Uso correto de tempos verbais (Crédito: assinatura)

Foi um tal de vou estar comunicando, vou estar providenciando, vou estar agilizando  (clique neste link para ver mais) que deixava estudiosos mais ortodoxos com os cabelos eriçados. A onda parece ter passado, para alívio daqueles, mas ainda se ouve esse verdadeiro arroubo linguístico pelos brasis afora.

gerundismo excessivo pode ter acabado, mas ainda existem alguns equívocos quanto a uso de tempos verbais. Esses equívocos têm custado alguns momentos hilariantes nas redes sociais e algum nível de culpa por muitas discussões acaloradas.

Para evitar desgaste comunicacional, veja abaixo para que servem e como usar corretamente os tempos verbais.

Verbo é Ação ou Expressão de Estado do Sujeito

Todo termo que contenha significado de ação, movimento ou estado de alguém ou de algo é um verbo. E está localizado em algum lugar no tempo: passado, presente ou futuro. Veja:

Os termos “ser humano” e “grupo” representam objetos, coisas, nomes identificadores de elementos , portanto, são substantivos e não verbos; “vive” exprime necessariamente uma ação – a de viver -, é, portanto, um verbo. Você pode identificar “vive” como verbo também porque consegue flexioná-lo no tempo: viveu, vive, viverá. Você não consegue flexionar os outros termos  no tempo.

Os tempos presente futuro são relativamente fáceis de usar, mas a linguagem coloquial (popular) não permite boa frequência de uso do tempo futuro, o que pode tornar a compreensão desses verbos um tanto complicada. Novamente, as redes sociais são plenas de erros mesmo quando se trata do futuro. Veja:

  • Atenção… roubarão meu carro hoje de manhã. Divulguem essa foto, por favor.
  • Amanhã, eu vou está em casa o dia inteiro.

O problema de se escrever mal em redes sociais é que uma mensagem importante pode perder o caráter de importância. A primeira postagem acima gerou uma infinidade de brincadeiras que desfocou* o sentido de urgência da mensagem. Certamente, o postador teve muito menos êxito na busca por seu carro roubado, pois confundiu a flexão do futuro (roubarão) com a do passado (roubaram).

Muitos perguntaram se ele estava prevendo o roubo; outros disseram que, então, daria tempo de chamar a polícia ou de tirar o carro do local; outros pediram para que também previsse os números da Mega Sena.

Tempos verbais e uso correto.

A mensagem do segundo exemplo acima é menos drástica, mas também criou uma série de brincadeiras e gozações que deixou* o postador em maus lençóis. Trata-se, na verdade, de tentativa de usar o que chamamos de locução verbal. Toda locução é junção de duas ou mais palavras com um sentido único. Temos locução adverbial, que tem poder um advérbio; locução pronominal, que tem poder de pronome;  locução verbal, que tem poder de verbo.

locução verbal é composta de um verbo auxiliar, que é flexionável em pessoa e tempo, e um verbo principal no infinitivo. Portanto, o correto na frase seria usar “eu vou estar em casa”.

Muito bem. E para que servem os outros tempos verbais?

Nota: abaixo, encare o termo falante como ser imaginário, narrador, que comunica a frase ou oração

Dissemos que verbos são flexionáveis no tempo (presente, passado e futuro). E é também flexionável nas pessoas verbais (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Vamos ver abaixo as flexões quanto ao tempo.

  • Pretérito (passado)

Como o próprio nome diz, trata-se de ações verbais que acontecem no passado, ou seja, antes do momento em que o falante as comunica.

A complexidade da Língua Portuguesa divide o passado dos verbos em três módulos:

Pretérito Perfeito

É usado quando o falante se refere a uma ação que se iniciou e se encerrou no passado, ou seja, não se estende até o momento da fala.

Fui ao cinema.

Encerrei o trabalho.

Fizemos um bom almoço.

Todos os verbos acima indicam ações já encerradas antes que o falante as comunique.

Pretérito Imperfeito

É usado para emitir ideia de que uma ação já foi iniciada, mas pode ainda estar em andamento em relação a outra ação, a outro verbo.

Ia ao cinema, mas precisei voltar.

Encerrava o trabalho quando me interromperam.

Fazíamos um bom almoço, mas o molho acabou.

Note que as ações dos primeiros verbos têm início, mas não se encerram.

Pretérito Mais-que-Perfeito

É usado para definir uma ação iniciada e encerrada anterior a, dentro de ou após outra ação. Complicado? Nem tanto. O problema é que esse tempo verbal está caindo em desuso, o que dificulta um pouco a compreensão por falta de exercício. Veja.

Eu fora ao cinema após ter ido ao teatro.

Encerrara o trabalho para fazer jus ao prêmio.

Fizera um bom almoço e agradei a todos.

Note as ações dos primeiros verbos são iniciadas e encerradas em relação a outra ação.

  • Presente

É claramente o tempo verbal mais fácil de usar porque determina uma ação feita no momento em que o falante a comunica.

Estou no cinema.  (Agora.)

Encerro o trabalho. (Agora.)

Faço o almoço. (Agora.)

Observe que as ações dos verbos acontecem no momento em que o falante as informa.

  • Futuro

Também o tempo futuro é divido, em dois módulos, no caso.

Futuro do Presente

É denominado presente porque a ação vai ocorrer, de uma ou de outra forma, ou seja, o falante tem certeza de que a ação expressa pelo verbo vai acontecer certamente. Não há dúvidas de que ocorra.

Irei ao cinema.

Encerrarei o trabalho.

Farei o almoço.

O falante expressa certeza de que realmente a ação do verbo vai acontecer.

Futuro do Pretérito

Trata-se de ação que deveria acontecer no futuro em relação a alguma ação passada.

Você disse que iríamos ao cinema.

Também conhecido como futuro condicional e, como diz o nome, trata-se de ação verbal dependente de outra ação, de alguma condição momentânea ou não. Veja.

Iria ao cinema se não tivesse compromisso.

Encerraria o trabalho se tivesse tempo.

Faria o almoço se comprasse os ingredientes.

Todas as ações dos primeiros verbos acima estão condicionadas a alguma situação.

 

Na próxima dica, a 005, vamos tratar do uso de tempos verbais à parte de seus contextos. São os chamados presente e futuro históricos. É bem interessante. Sugiro que todos fiquem atentos.

Até lá!


Dica Bônus 1: Nunca use o verbo haver para expressar tempo juntamente com o advérbio atrás. Seria redundância desnecessária, pois o verbo haver já significa passado mesmo que esteja no presente.

Dica Bônus 2: No trecho “…gerou uma infinidade de brincadeiras que desfocou o sentido…”, o verbo “desfocou” está no singular, apesar de “brincadeiras” estar no plural. Por quê? Porque ele se refere a “infinidade”, que também está no singular.

O mesmo fato acontece no trecho “…criou uma série de brincadeiras e gozações que deixou o postador…”. O verbo “deixou” está associado a “série” e não a “brincadeiras e gozações”.


Clique e obtenha mais informações sobre o curso.Conheça o FEB – Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade. Clique e obtenha informações sem compromisso.

 

 

Boa leitura e boa Escrita!


Nota: por favor, participe da enquete abaixo e nos ajude a melhorar nossas dicas. Obrigado.

Você se Destaca pela Fala e Escrita e nem Percebe

O senso de escrever e falar bem tem sido motivo de muitas discussões ao longo dos tempos. Com o passar da evolução da relações humanas, estudos mais contundentes foram ditando regras, normas e hábitos para se falar e escrever de maneira que o processo de comunicação se dê cada vez mais adequado.

E, por “adequado“, não se quer dizer exatamente apropriado ou ainda correto. Há uma linha muito grande de linguistas que diz que basta que a mensagem seja emitida e compreendida para que a comunicação exista. Nesse caso, não importariam os erros de escrita/fala, as discordâncias, a inexpressividade, o respeito para com o semelhante.

Na teoria, esse conceito é bem humanista, aproxima os elementos extremos da comunicação – o emissor e o receptor – e os torna mais amigáveis, mais fraternais.

Falar/escrever bem é importante

Falar/escrever bem é importante

Mas e na prática?

Desde que o homem passou a reconhecer os ambientes externos a sua própria mente, há milhares de anos, passou também a buscar convivência. Percebeu que convívio em grupos facilitava a sobrevivência. Tornava-se mais fácil se proteger de feras e intempéries e conseguir alimento, água e abrigo.

Formou-se, então, o conceito de clãs, de grupos. Essa estratégia se mostrou tão importante que se transformou em necessidade incrustada no DNA humano e estendeu-se até os dias de hoje. Pelo andar da carruagem, ainda vai fazer parte do comportamento humano por mais alguns séculos.

Antes Apenas Presencial, Hoje Presencial e Virtual

Portanto, formar e viver em grupo é necessidade humana. Dessa necessidade, surgiu uma infinidade de conceitos que hoje delega características ao elemento humano:

  • Liderança: todo grupo tem um líder, quer seja eleito ou não pelo restante. Isso se dá porque, no passado, os que mais se destacavam na defesa e manutenção dos grupos eram seguidos, admirados e vistos como chefe. Não à toa, os filmes que mais fazem sucesso no mundo trazem super-heróis como protagonistas
  • Submissão: por estar em posição de destaque, o líder mantinha prerrogativas e privilégios. Dependendo da maneira como processava esse caráter, assumia vantagens absurdas ou se mostrava líder nato. Não à toa, os livros que mais fazem sucesso no mundo têm cunho religioso, em que o sentido de submissão se mostra ou claro ou velado
  • Violência: A existência de lideres gerava conflitos entre estes e outros que se consideravam capazes de liderar igualmente. Não à toa, a história passada ou contemporânea é plena de guerras, batalhas ou violência grupal

Nota importa: qualquer semelhança com comportamentos atuais, em eras cibernéticas, não é mera coincidência.

Falar/escrever bem é importante

Falar/escrever bem é importante

Há mais outras características no comportamento humano que se originaram da necessidade de convívio. A que mais nos interessa aqui é o sentido de grupo. O ser humano precisa viver em grupo; atraem-se em grupos como se fossem levados por força gravitacional interessante.

Seja no trabalho, na escola, no clube, na balada, os seres humanos se agrupam segundo as características que o cérebro percebe inconscientemente em cada elemento. É por isso que há situações de conforto ou desconforto quando se está em grupos.

Elementos que Definem um Grupo

O cérebro se atém a determinadas características para definir se vai se sentir bem ou mal em meio a um grupo qualquer. Uma dessas características é a vestimenta; outra, são os hábitos; mais uma, a fala/escrita.

A maneira como se fala/escreve é elemento agrupador de componentes de um grupo. Se sua expressividade pela fala se dá formalmente, cheia de “s”, de termos complexos, de neologismos, certamente você vai se sentir melhor em meio a pessoas que o entendem; caso contrário, vai ser um peixe fora da água.

Sem notar, você procura se adequar pela fala/escrita a fim de se sentir bem. Sem notar. É seu cérebro tentando se fazer notar em determinadas situações. Veja:

  • Entrevista de Emprego: em maior ou menos nível, você se preocupa com a maneira que escreve ou fala durante uma entrevista de emprego. Sabe que seu futuro pode estar em jogo
  • Vestibulares/provas: você tenta se ater a regras de escrita durante o período de prova
  • Conquistas: se você se interessar por alguém, vai adequar sua maneira de se expressar a fim de se entrosar ao mundo da pessoa alvo
  • Redes Sociais: aquele iconezinho que aceita ou rejeita uma solicitação de amizade é a prova mais forte da necessidade de convívio em grupo e de como a fala/escrita pode definir esse convívio. Se a maneira como o solicitante de amizade se expressa pela escrita não for adequada a sua própria maneira de ser, imediatamente você rejeita a amizade

Demonstração de Respeito ou de Inteligência

Falar/escrever bem é importante

Falar/escrever bem é importante

Falar/escrever adequadamente é demonstração de respeito para com o semelhante, tanto quanto se vestir de maneira correta nos diversos ambientes.

  • Ainda você tenha hábito de referir-se a suas nádegas com termo chulo, vai pensar duas vezes antes de usá-lo diante do doutor no hospital ao comentar sobre o furúnculo dolorido que incomoda no ato de se sentar
  • Gírias chulas são bem-vindas na partida de futebol ou no encontro com amigas íntimas, mas certamente seus avos ficariam perplexos ao ouvirem esses mesmos termos de sua boca
  • Durante uma reunião de trabalho/negócios, sua preocupação com a maneira de falar/escrever é constante
  • Ao ser apresentado a alguém teoricamente importante durante uma recepção, você tem grande preocupação em falar bem nos primeiros contatos. Pelo menos nos primeiros contatos

Daí, vê-se a importância de se falar e escrever bem. Não é simples questão de soberba ou vaidade; muitas vezes, é questão de sobrevivência e firmação de bem-estar.

Na próxima dica, a 04, vamos conversar sobre uso dos tempos verbais. Às vezes, pode parecer besteira, mas pode também significar um bom emprego.

Clique na imagem e obtenha informações sobre o curso FEB

 

Conheça o FEB – Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade. Clique e obtenha informações sem compromisso.

 

Boa leitura e boa Escrita!


Nota: por favor, participe da enquete abaixo e nos ajude a melhorar nossas dicas. Obrigado.


 

Concordância Verbal

Concordância Verbal é tema com dúvidas recorrentes em qualquer curso de gramática. Isso se dá porque a Língua Portuguesa é realmente rica; as possibilidades de estruturá-la são múltiplas, constituindo-se estilos de escrita quase inumeráveis.

Recentemente, Elaine Paiva, escritora (“O Segredo da Senhora Grey”, 2005) e crítica política do Rio de Janeiro, além de idealizadora do exercício literário ficcional O Projeto Guardião do qual você pode participar, publicou em sua rede social a seguinte postagem:

“Fachin Solta Rocha Loures.

Provavelmente será o novo PC Farias.

Será que vão lhe arranjar uma amante para ‘protagonizarem’ um homicídio seguido de suicídio? Ou será que ele se mata pelos cabelos que foram raspados?

A eximia escritora grafou o verbo “protagonizarem” no plural; antes, usou o pronome oblíquo “lhe” (singular) para se referir “Rocha Loures”. Adiante, menciona “uma amante”, também no singular. Então, por que teria usado o verbo principal no plural? Teria se equivocado?

Não. Quando optou pelo plural, a escritora incluiu a eventual amante na ação do verbo. Se tivesse usado singular, a mensagem se mostraria dúbia, pois tanto “lhe” poderia ser o agente do verbo quanto “amante”.

Portanto, a opção pelo plural deixa claro que ambos os termos são agentes verbais. Excelente e certeira opção; deixou a mensagem muito bem exposta.

Pois então!


Nota: por favor, participe da enquete abaixo e nos ajude a melhorar nossas dicas. Obrigado.


 

Posição da Vírgula na Oração

Uma ex-aluna do curso FEB Fale e Escreva Bem – Redação e Expressividade, que está em meus contatos, questionou o uso de vírgulas no seguinte trecho que encontrou em uma matéria na internet:

“Milhares de pessoas se aglomeraram no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no último dia 15 de junho, para aproveitar…”

Lembremo-nos de que Vírgula não é usada para definir pausas durante leituras eventualmente sonoras conforme se aprende nos primeiros anos de vida escolar. Detém diversas funções e algumas delas são estratégicas.

A ordem oficial dos termos em qualquer oração é:

  • Sujeito → Verbo → Predicado

Este último é composto inclusive por Termos Acessórios (nós vamos falar sobre Termos Acessórios oportunamente).

Uma das funções estratégicas da Vírgula é justamente perverter essa ordem, permitir alteração logica nessa ordem, usada por motivos diversos. Vamos dissecar a oração para saber se a ordem dos elementos está correta:

  • Sujeito: Milhares de pessoas
  • Verbo: aglomeraram
  • Predicado: se aglomeraram no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no último dia 15 de junho…”

Isto é, a ordem está correta. Percebe-se, então, que as vírgulas não foram usadas para inverter ordem formal dos elementos da oração.

Os sub-trechos “em São Paulo” “no último dia 15 de junho” são locuções adverbiais de lugar e de tempo respectivamente e são considerados Termos Acessórios da Oração. Como estão dentro do Predicado e não estão em desordem, não requerem vírgulas. Nesse caso, a vírgulas são plenamente dispensáveis.

Bem… se dispensáveis, por que foram usadas? Justamente porque se ensina que Vírgula é usada para pausar a frequência sonora da leitura, ou seja, somos contaminados pela necessidade de respirar um pouco enquanto falamos, mesmo que a leitura seja silenciosa.

As vírgulas seriam requeridas na fosse usada a seguinte estrutura oracional:

“No último dia 15 de junho, milhares de pessoas se aglomeraram no Vale do Anhangabaú em São Paulo para aproveitar…”

Pois então!


(Próxima dica: diferença entre “este e “esse, “nessa e nesta”


Nota: por favor, participe da enquete e nos ajude a identificar o nível de utilidade dessas dicas.

Crédito Arte

Culto ao Pódio e Parábola do Remador

Periodicamente, as civilizações assimilam determinados padrões de comportamento que historiadores posteriores estudam exaustivamente. No futuro, certamente ficarão abismados com a postura subserviente da nossa, ocidental, que é capaz de anular princípios básicos de convivência social em nome de espaço ao sol

Culto ao Pódio como meio de postura. Benéfico ou maléfico?

Culto ao Pódio como meio de postura. Benéfico ou maléfico?

A Grécia Antiga assumia relações homossexuais como padrão social, mantendo as heterossexuais apenas como objeto de procriação; ainda nesse período, desde séculos antes, o padrão religioso determinava culto a diversos deuses. Na Idade Média e em alguns séculos depois, a beleza feminina era proporcional às formas arredondadas da cintura e roliças nos braços e pernas e, na área comportamental, a hipocrisia era a norma: posturas criticáveis eram assumidas ou rechaçadas normalmente, dependendo da situação.

Continuar a ler

Isabel Bogajo, seu Banco Itaú e a Mensagem de Fim de Ano

É possível às empresas trilhar dois caminhos simultâneos – financeiro e social – em busca do objetivo de toda e qualquer instituição: o lucro. E fazê-lo sem abrir mão de estratégias negociais necessárias e postura humana imprescindível

Por Serg Smigg

Imagem: Divulgação

Imagem: Divulgação

Sou palestrante corporativo há muitos anos. Os temas são os mais diversos, mas versam especialmente sobre relacionamento com clientes internos e externos. Nossa equipe – quatro oradores – teve oportunidade de analisar situações ou inacreditáveis ou surpreendentes ou emocionantes, às vezes tudo ao mesmo tempo. Todas fontes de experiências e de visão ou de revisão de conceitos.

(Não se trata das chamadas “palestras motivacionais”, ideia que abandonamos há mais de dez anos porquanto sempre ineficazes e muitas vezes negativas no processo que mais deveriam auxiliar, a produtividade pessoal. O melhor e mais adequado qualitativo que encontraram para identificar nossos encontros é “palestras inspiracionais“.)

Continuar a ler

Por que mentem as Empresas

 

 “John Wells, professor e Presidente do IMD, uma das mais importantes escolas de negócios do mundo, sediada na Suíça, afirmou durante palestra realizada no Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH), que a maioria absoluta das empresas mente para a sociedade.”
(http://www.rh.com.br/Portal/Geral/Coluna_ABRH_Nacional/6164/maioria-das-empresas-mente-para-a-sociedade.html)

A maioria de nossas palestras corporativas – especialmente porque os temas orbitam sempre as questões do ambiente e relacionamento internos e externos, a da imagem corporativa e criação de elos entre os colaboradores e corporação – é iniciada com ”Empresas são feitas de seres humanos” e, a partir de então, desenvolvemos a explanação. Talvez a assertiva não caiba tão bem em outros temas que no central deste texto: mentiras corporativas.

Toda empresa mente porque todas elas são feitas de seres humanos. E, no futuro, quando a tecnologia construir máquinas plenamente inteligentes para trabalhar nas empresas, essas máquinas mentirão porque terão sido feitas por seres humanos. Já temos mostra disso: os computadores programados para atender os 0800 de atendimento ao consumidor mentem – ”no momento, todos os nossos operadores estão ocupados. Aguarde. Teremos prazer em atendê-lo. Sua ligação é muito importante para nós”. Seguramente, os atendentes ou estão vendo programas de TV ou o sistema controlador é pífio e não consegue atender a demanda de chamadas. Ou seja, mentira.  Continuar a ler

Corretor que não Corrige…

… mas não o delete. Na maioria das vezes, é funcional. Desta forma, é apenas necessário* um pouco de atenção.

Invenções e descobertas, de maneira geral, são idealizadas já com função de facilitar ao máximo as atividades de quem as usa. Isso é tão óbvio que destacar parece idiotice. O computador traz consigo essa prerrogativa à enésima potência – tão latente que acaba invadindo outras áreas do comportamento humano, segundo psicólogos especialistas. As facilidades que o computador imputa na vida funcional das pessoas criam o fenômeno da confiança quase extrema. E aí tem-se um grande problema. Com o advento da internet, a grande maioria das pessoas passou a acreditar muito facilmente em tudo que é lido/visto neste estranho mundo de frios fios inexistentes – talvez compensando a falta de confiança que baseia as relações humanas atuais, segundo também alguns psicólogos terapeutas (mas essa é outra história, claro).

Os aplicativos de edição de texto, que aposentaram em definitivo as mais modernas máquinas de datilografia, são instrumento facilitador de diversas funções, especialmente as que têm a escrita como base. E assimilou boa parte daquela confiança quase absoluta. Essa condição, aliada à falta de hábito de leitura do brasileiro, acaba causando grande problemas. Continuar a ler

A História do Jornalismo no Brasil

“Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados fatuais e divulgação de informações. Também se define Jornalismo como prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos em geral. Jornalismo é uma atividade de Comunicação, especialmente pública.”

A descrição acima é facilmente encontrada na Internet; neste caso, no endereço da Wikipedia. E leva a uma visão geral das atividades encontradas dentro do conceito de jornalismo. Entretanto, ao se aprofundar um tanto mais no tema, é possível verificar que o termo adquiriu abrangência extrema ao longo do tempo.

Início

Até a independência de Portugal, as atividades jornalísticas no Brasil eram ocasionais. Como colônia, o país não poderia instituir sequer escolas superiores. Apesar disso, alguns estudiosos consideram as cartas pessoais, trocadas entre colonizadores e seus parentes do além-mar, como expressão de uma espécie de jornalismo embrionário. Sob esse raciocínio, muitos desses observam que a carta de Pero Vaz de Caminha apresenta características bastante próximas das do jornalismo.

A chegada da Família Real, que buscou na sua maior colônia o refúgio necessário das tropas de Napoleão, foi um marco de desenvolvimento geral para o Brasil de então. Por decreto do príncipe regente D. João, oficializou-se a divulgação de notícias diversas no país, em maio de 1808. Em princípio, eram mais informes políticos, mas o interesse público fez ampliar a abrangência da instituição, dando origem posteriormente a empresas da área.

Os Primeiros Veículos

Com a instalação de Família Real Portuguesa no Brasil, instalou-se também a oposição. O primeiro jornal brasileiro, Correio Braziliense, foi criado com bases oposicionistas. Tendo sido editado na Europa por catorze anos seguidos, nasceu dos esforços do gaúcho Hipólito José da Costa. Rebelde, com profundos conhecimentos sociais e pleno ativista, Costa foi imediatamente considerado um perigo aos poderes reais. Como retaliação aos planos do republicano, D. João VI criou a Imprensa Régia para editar o jornal monarquista Gazeta do Rio de Janeiro. Pode-se dizer, então, que o jornalismo brasileiro tem em suas raízes a controvérsia.

O jornalismo nos primórdios

(Autor: não identificado)

Com o passar do tempo, o Jornalismo foi se adaptando às épocas, quase como obrigatoriedade de sobrevivência. De maneira fácil, passou das notícias políticas aos informes sociais e esportivos, tendendo sempre ao que o já exigente mercado requeria. Por esse aspecto, o jornalista passou a ser visto ou como inimigo ferrenho ou como aliado indispensável do político, do esportista, das celebridades sociais. Continuar a ler

Quem Realmente São os Feios?

É ultrajante saber que a natureza precisou de milênios para construir mecanismos cerebrais tão complexos dentro de nossas cabeças e que, a contar por comportamento como esse, falhou no projeto de alguns deles, pois estes parecem ainda precisar de outro tanto de tempo para se tornar algo admirável

(Por Serg Smigg)

sherekO texto abaixo pode parecer apresentar tema diverso dos encontrados em nosso site. Ledo equívoco. Tudo que referencia relacionamento humano e comunicação de ideias faz parte de nossas discussões. E o texto abaixo referencia uma das mais desprezíveis facetas da comunicação humana: o uso da (des)inteligência para transmitir ideias falsas de superioridade.

Um de nossos consultores recebeu, há alguns dias, uma mensagem de um amigo em seu endereço particular. No campo Assunto, consta a pergunta Você acordou se sentindo feio hoje? que o fez imaginar se referir a algumas palavras de incentivo que tanto pululam neste mundo virtual de frios fios que vão e vêm. Entretanto, o que há na mensagem é uma série de fotografias de seres humanos cujo visual não condiz com o chamado padrão normal de beleza. Alguns, inclusive, com evidente mostra de problemas genéticos.Estetica

Em reunião habitual para discussão aleatória na SCCorp, nosso consultor expôs o ocorrido e todos passamos a divagar sobre o assunto. Um silêncio não contumaz em nossas reuniões ganhou o espaço da sala quanto vimos as imagens. Eram realmente chocantes. E cruéis.

Não fomos hipócritas a ponto de mencionar pena, ninguém comentou ter sentido um dó pelos seres humanos vistos nas fotografias – ainda porque são desconhecidos –, pois a fealdade de rostos e corpos é comum em todos os povos. O que realmente nos chocou foi o uso de imagens como aquelas para menosprezo e humilhação da raça humana. Continuar a ler

Etiqueta Corporativa: Negociação Virtual

Um dos mais eficazes instrumentos de comunicação corporativa, o e-mail tem sido usado sem muita preocupação. A informalidade saiu das trocas de mensagens pessoais para as empresariais, o que causa problemas sérios, muitos vezes não identificados ou não percebidos

(Colaboração: etiquetanaweb.com.br)

 

Os relacionamentos pessoais virtuais guardam em si diversas características: celeridade, instantaneidade, ietiquetanformalidade, casualidade etc. Trata-se da forma atual como jovens relacionam-se, tanto quanto foram as cartas, os cadernos de bilhetes escolares, os diários compartilhados etc. do passado. Precisavam de certo tempo para efetivação, de maneira que respostas demoravam no mínimo dois ou três dias. Assim, inconscientemente, sabia-se que havia tempo para “desenhar” a letra, para construir períodos adequados, evitar erros de Português, expressar a ideia da melhor maneira possível.

Atualmente, o fato de haver tanta celeridade na troca de mensagens virtuais parece ter feito que o cérebro humano tenha assimilado o sentido de urgência urgentíssima para qualquer assunto. Aciona-se enviar e imediatamente passa-se a esperar que a resposta venha nos segundos seguintes.

Além da rapidez esperada – e incentivada, como se verá abaixo -, a informalidade das mensagens de redes sociais alcançou as mensagens corporativas. Trata-se o cliente como amigo de infância, muitas vezes; brinca-se como se trocassem confidências, em boa parte; mistura-se assuntos como se estivessem conversando à mesa de bar, durante o happy hour. E o uso de palavras nem sempre adequadas – não exatamente gírias – é um dos principais motivos de preocupação dos profissionais de gestão em relação a seus coordenados. Continuar a ler

“Regata Moderna”

O texto abaixo foi extraído do livro Deixa que eu Chuto, de Renato M. Prado, publicado pela Edição Extra Produções Ltda. É exemplo esplêndido e bem-humorado do que nós, consultores de relacionamento e comportamento corporativos, temos visto ao longo de muitos anos. E, por mais que demonstremos, exemplifiquemos, comuniquemos e relacionemos, parece que o elemento humano ainda está muito longe de descobrir o real sentido do conceito Avaliação de Equipe

(Por Serg Smigg)

É a história de uma série de regatas fictícia entre Brasil e Japão. Além de espirituoso, o texto pode servir também como carapuça para muita gente. Dentro e fora do esporte. Conta a história que, em 1995, houve uma competição entre as equipes de remo do Brasil e do Japão. Logo no início da regata, a guarnição japonesa começou a se distanciar e completou o percurso rapidamente. O barco brasileiro chegou à meta com uma hora de atraso. De volta ao Brasil, o Comitê Executivo se reuniu para avaliar as causas do desastroso resultado e constatou:

  1. A equipe japonesa era formada por 1 chefe de equipe e 10 remadores
  2. A equipe brasileira era formada por 1 remador e 10 chefes de equipe

A decisão passou, então, para a esfera do Planejamento Estratégico, que deveria realizar uma seriíssima reestruturação da equipe, visando a prova do ano seguinte. Em 1996, dada a largada, os nipônicos dispararam e, dessa vez, nossa equipe chegou com duas horas de atraso. Uma nova análise das causas do fracasso mostrou os seguintes resultados:

  1. A equipe japonesa continuava com um chefe de equipe e 10 remadores
  2. A equipe brasileira, após as mudanças pelo pessoal de Planejamento Estratégico, era formada por 1 Chefe de Equipe, 2 Assessores de Departamento, 7 Chefes de Departamento, 1 remador

Continuar a ler